Primeiro dia do CNABIS traz referência mundial sobre cannabis medicinal
Por: Stella Maria Autuori – 5 de agosto de 2020
Dia 4 de agosto foi o primeiro dia do CNABIS, o I Congresso Digital de Cannabis Medicinal, e, apresentado pela CEO da Dr. Cannabis, Viviane Sedola, ele começou com o pé direito.
Entre os temas, estiveram regulação da cannabis no Brasil – explicada por Ivo Bucaresky, ex-diretor da Anvisa e responsável pela RDC 17/2015 que permitiu as primeiras importações de produtos à base de cannabis no Brasil, história da cannabis, apresentada pela jornalista Mirian Sanger e controle de qualidade, com Yoav Giladi, empreendedor da cannabis e especialista em breeding.
Outro tema debatido foi um dos mais aguardados pelos médicos brasileiros que ainda não sabem por onde começar quando se trata da prescrição: apresentações, vias de administração e farmacologia da cannabis, explicadas pelo Dr. Fabrício Pamplona, Doutor em farmacologia e cientista.
Mas, aqui, vamos destacar a apresentação de ninguém menos que a maior referência mundial na pesquisa sobre cannabis, o israelense Raphael Mechoulam, que é Ph.D pelo Weizmann Institute, químico e professor de química medicinal na Universidade Hebraica de Jerusalém.
Ele é parte da equipe que isolou e identificou o sistema endocanabinóide, além de ter trabalhado no isolamento, elucidação da estrutura e síntese total do THC e do CBD.
O professor explicou como foi a trajetória da descoberta dos benefícios dos canabinoides e, depois, dos receptores no corpo humano, e detalhou um pouco como eles funcionam:
“Depois de vários anos de trabalho, encontramos dois compostos [no corpo humano]. O primeiro é a anandamida. (…) Quando estamos com dor, ansiosos, o corpo produz anandamida. Ela se liga aos receptores e então o corpo sente os efeitos dela.”
Já os canabinoides, no organismo:
“Em muitos aspectos, o THC mimetiza os produtos naturais [produzidos pelo corpo humano], a anandamida, e o outro composto, 2AG – os dois são um pouco diferentes, mas fazem a mesma coisa.”
“Este acabou sendo um novo sistema bioquímico muito importante – o sistema da anandamida, ou o sistema canabinóide endógeno, está, aparentemente, envolvido em quase todas as doenças humanas. É um sistema muito central.”
Ou seja, o potencial é que a cannabis medicinal, sendo cada vez mais estudada, bem prescrita e dosada, possa ajudar e muito nos tratamentos de inúmeras – ou quase todas – doenças e sintomas.