Cannabis Medicinal: Inovação, ousadia e visão estratégica de mercado são propostas da Ease Labs, com fábrica própria em MG

Por Marina Marcondes | 25 de fevereiro de 2022

No dia 18 de fevereiro de 2022, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou a autorização sanitária de mais um produto medicinal à base de Cannabis. Trata-se do Extrato de Cannabis Sativa EASE LABS 79,14 mg/ml, que é obtido a partir do extrato vegetal da planta Cannabis sativa, e industrializado no Brasil pela EASELABS Laboratório Farmacêutico.

A medida foi publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.), por meio da Resolução RE 136, de 17 de janeiro de 2022. O produto será fabricado na Colômbia e distribuído no Brasil sob a forma de solução gotas de uso oral, contendo 47,5 mg/mL de canabidiol (CBD) e não mais que 0,2% de tetrahidrocanabinol (THC).    

Com esta aprovação, o produto poderá ser importado e comercializado em farmácias e drogarias no Brasil. A dispensação do produto deverá ser feita pelo farmacêutico a partir da prescrição médica por meio de receita especial do tipo B (de cor azul).  

Em entrevista exclusiva para o Green Science Times, o CEO da Ease Labs, Gustavo Palhares, apresenta um olhar promissor sobre o futuro da indústria da Cannabis no Brasil, que tem o potencial de atender, segundo a empresa, 59 milhões de brasileiros; e comenta sobre os planos da empresa para 2022. Acompanhe agora:

GST – Dentre as 10 empresas que conseguiram licença sanitária pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para ter produtos nas farmácias brasileiras, a Ease Labs é a primeira empresa nacional a ter uma fábrica própria, com sede instalada em Belo Horizonte (MG). Em sua opinião, qual é o impacto da empresa no cenário da Cannabis Medicinal no Brasil?

GP – Tal impacto é extremamente positivo, não só para o mercado da Cannabis Medicinal, como para o empreendedorismo como um todo. O modelo de produção interna é um modelo complexo e desafiante, porém muito mais gratificante, tanto em termos de retornos para os empreendedores e acionistas, quanto para o paciente final e o mercado. O modelo de produção interna permitirá não apenas mais produtos no mercado e maior oferta mas, também, preços mais justos, impostos e geração de empregos no setor e áreas correlatas.

Em destaque, área de envase da fábrica da Ease Labs em Belo Horizonte-MG (Foto/Divulgação)

GST – Qual a perspectiva de preparação dos medicamentos à base de Cannabis?  Quantos pacientes poderão ser atendidos?

GP – Os produtos de Cannabis já estão em fase de desenvolvimento e produção. Tais etapas, desde a qualificação de um fornecedor até o produto na farmácia pode variar entre um ano e meio e dois anos. Consideramos que estamos avançados nesse estágio em relação aos nossos quatro primeiros produtos, com previsão de lançamento do nosso primeiro produto até o final do semestre.

Agora, olhando para o número de pacientes que podemos atender, estamos falando de um potencial para mais de 59 milhões de pessoas que sofrem com alguma patologia onde a Cannabis já possui evidências científicas sobre sua eficácia. Mas esse número pode ser ainda maior se considerarmos o potencial terapêutico de outros canabinoides, além do CBD e THC, o que abre um campo enorme de atuação.

A Ease Labs pretende atacar parte desse mercado, com foco principal em dor, condições neurológicas, psiquiátricas e recuperação após atividade esportiva.

GST – Há uma ideia da geração de empregos que a indústria da Cannabis Medicinal poderá estimular no Brasil?

GP – Estamos diante de um mercado em pleno crescimento. Com o avanço das legislações, a tendência é um setor cada vez mais amplo e consolidado. Certamente, são aspectos que vão impactar diretamente na geração de novos empregos.

Um levantamento feito pela consultoria Kaya Mind, especializada no mercado de cannabis, em 2020, mostra que a regulamentação no Brasil pode gerar mais de 320 mil empregos. Estamos falando de uma cadeia de químicos, advogados, agrônomos, profissionais da saúde, farmacêuticos, comunicadores, etc. 

GST – Qual medicamento chegará primeiro nas farmácias? Há uma previsão de data/mês?

GP – Primeiramente, ainda há todo o processo de análise e avaliação da Anvisa a ser considerado nessa matemática. Dentro desse cenário, a nossa expectativa é lançar ao menos três produtos ainda em 2022.  

Por causa desse processo junto à Anvisa, não conseguimos destacar qual será a ordem de lançamento dos produtos à base de Cannabis da Ease Labs a chegar na farmácia.

Pesquisa, Desenvolvimento & Inovações são focos da empresa nacional de Cannabis, para consumo medicinal e terapêutico

GST – Quais as perspecivas da Ease Labs para os próximos anos?

GP – As perspectivas são as melhores possíveis. Já passamos da fase de investimentos estruturais e certificações, e estamos entrando na fase de ampliação de portfólio com registro desses produtos e preparação para distribuição em larga escala.

Alinhado a isso, para os próximos anos, visualizamos uma grande expansão da nossa base de clientes (médicos e pacientes), geração crescente de receita e de valor para a empresa e os acionistas, bem como uma ampliação do escopo de atuação do grupo, utilizando nosso know-how core para expandir o mercado, sempre atuando na ponta da inovação e tecnologia.

LEIA TAMBÉM: EASE LABS: Anvisa aprova 11° produto medicinal à base de Cannabis para farmácias

GST – Em sua visão, como se dará o cenário da Cannabis Medicinal para o futuro? A demanda por produtos à base de Cannabis e naturais cresce em todo o mundo. É um mercado que possui alta demanda e que tem sido mais aceito cada vez mais aplicado pela comunidade médica ao longo dos anos.

GP – Muito desta tendência possui uma ligação direta com a migração de tratamentos alopáticos para tratamentos naturais, e a descoberta crescente de aplicações de diferentes canabinoides para diversos tratamentos de saúde.

Entre 2019 e 2021, a Anvisa recebeu cerca de 55,1 mil solicitações de importação. Sendo 2021, o maior ano desde as primeiras liberações em 2015. Quando olhamos para o número de médicos prescritores, há também um grande crescimento. Saímos de 320 em 2015, para 2,1  mil médicos em 2021.

Outro ponto que nos traz boas perspectivas para o futuro é o avanço do mercado de Cannabis Medicinal no mundo. Desconsiderando o uso recreativo, foram movimentados mais de 4,10  bilhões de dólares no mundo. Até 2028, espera-se que esse valor triplique.

O futuro deste mercado também está diretamente ligada ao controle genético da planta, às estruturas de custo das empresas ao redor do mundo, capacidade de crescimento destas empresas e um domínio da formulação de diferentes produtos com alta performance e aplicação, bem como da aplicação médica dos produtos, visando maior efetividade e eficácia.

Em destaque, no laboratório (da esquerda para a direita): Guilherme Franco – CFO e Gustavo Palhares – CEO da Ease Labs

GST – Você acha que a indústria brasileira está preparada para trabalhar o segmento da Cannabis Medicinal?

GP – A possibilidade de registro de produtos de Cannabis no Brasil, e venda em farmácias, surgiu com a aprovação da RDC 327 que entrou em vigor em 2020, colocando os canabinóides debaixo do arcabouço regulatório e legislativo do setor farmacêutico.

Apesar da robustez regulatória que dá a possibilidade de uma expansão enorme do mercado de Cannabis no Brasil, as barreiras de entrada no setor farmacêutico são altas. Dessa maneira, acreditamos que outras empresas brasileiras atuantes no setor surgirão com o tempo e vemos isso de maneira positiva, tanto para o mercado quanto para disseminação do conhecimento.

Saiba mais sobre a Ease Labs: https://easelabs.store

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