Câmara dos Deputados convoca especialistas para falarem sobre Cannabis Medicinal

Por Valéria França

Enquanto todos esperam pelo episódio final da votação da nova regulação da Cannabis medicinal na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a Câmara dos Deputados não perdeu tempo. A Comissão Especial –montada no dia 9 de outubro para analisar a comercialização dos medicamentos à base de Cannabis– já realizou duas audiências públicas.

O objetivo do grupo é reunir evidências científicas e empíricas sobre os recursos terapêuticos dos canabinoides, a eficácia e a segurança em comparação com outros medicamentos empregados para as mesmas condições clínicas. Elas serão usadas para avaliar o Projeto de Lei 399/15 que permite a comercialização de medicamentos à base de Cannabis sativa. Para isso, vai ouvir uma série de especialistas do mundo da Ciência e Pesquisa, médicos e empresários.

“A Cannabis oferece mais segurança que os demais medicamentos em caso de pacientes refratários (que não apresentam melhoras com remédios comuns). Ela não coloca em risco à vida”, disse a médica Carolina Nocetti, ouvida pela comissão nesta terça (5).

Especializada em clínica médica geral com uso exclusivo de terapias com Cannabis, ela é fundadora da InterCan (International Cannabis Academy), empresa de educação médica com a missão de promover o conhecimento técnico e divulgar o impacto positivo da Cannabis.Começou trabalhando há cinco anos nos EUA.

“Os primeiros a serem chamados foram as autoridades da Anvisa, porque nossa preocupação é saber quais os cuidados necessários deste processo”, diz Paulo Teixeira (PT), presidente da comissão. O primeiro a ser ouvido foi o presidente da agência, o cardiologista William Dib, relator da regulação, que espera para ser votada na Anvisa.

Na segunda leva e quarta semana de trabalho, Teixeira convidou pesquisadores. Na lista estavam Virgínia Martins Carvalho, professora de Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com trajetória acadêmica voltada à toxilogia das drogas e coordenadora do projeto de extensão Farmacannabis, Lisia von Diemem, chefe da Unidade de Pesquisa do Serviço de Adição do Hospital das Clínicas de Porto Alegre e Margarete Akemi, professora de Farmácia na Universidade Presbiteriana Mackenzie e coordenadora de fitoterápicos do Conselho Federal de Farmácia.

Akemi tem posição favorável à regulação. Ela acha mais saudável e seguro saber o que o paciente está tomando do que o consumo via comércio paralelo. Também compareceu à audiência Sidarta Ribeiro, diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Ele costuma dizer que “a maconha está para a medicina do século XXI como os antibióticos estiveram para a medicina no século XX”.

Empresários também serão ouvidos. A CEO Viviane Sedola, da plataforma Dr. Cannabis, e a prescritora e consultora técnica Paula Dall’Stella estão na lista. “Acho muito importante dar o meu parecer. Fui a única representante do meio empresarial na reunião do Comissão de Direitos Humanos do Senado. Desta vez, outros executivos também serão chamados. É um ótimo sinal.”

As entrevistas devem seguir até fevereiro. Teixeira pretende viajar ao Uruguai e à Colômbia para conhecer melhor as regulações adotadas nestes países. O plano é estar com o relatório pronto em março. Segundo Teixeira, “até agora o clima está muito favorável à comercialização”.

Fonte: Folha de S.Paulo | Blog Cannabis Inc.

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