Padre Ticão, defensor da Cannabis e ativista social, morre aos 68 anos de idade; Veja a repercussão

O padre foi internado com arritmia cardíaca em 31 de dezembro, e não resistiu. A missão de sétimo dia será realizada na mesma igreja onde era pároco, no dia 7 de janeiro

Por Stella Maria Autuori – 2 de janeiro de 2021 |* Atualizado em 05 de janeiro de 2021

Padre Ticão, pároco da Paróquia São Francisco de Assis, em Ermelino Matarazzo, morreu aos 68 anos de idade na noite de sexta-feira (1º). Ele havia sido internado um dia antes no Hospital Santa Marcelina, na Zona Leste de São Paulo com arritmia cardíaca e edema pulmonar, e não resistiu.

Antonio Luiz Marchioni (ou Padre Ticão) era conhecido por ser um dos mais engajados ativistas sociais da igreja católica em São Paulo. Defensor da Cannabis Medicinal, da justiça social, do respeito entre as religiões e de pautas progressistas, Ticão foi um líder comunitário importante, conhecido pelo direito à moradia na Zona Leste da capital paulista.

Leia o que disseram autoridades, pacientes e amigos de padre fransciscano, que ajudou milhares de pessoas a conseguirem acesso ao óleo terapêutico da planta Cannabis – ainda negado pelo Estado brasileiro:

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, lamentou a morte nas redes sociais:

2021 começa com a triste notícia do falecimento do Padre Ticão. Grande defensor da população mais carente da Zona Leste de São Paulo. Um guerreiro na luta pela diminuição das desigualdades sociais. Descanse em paz”.

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis (ABICANN) e jornalista Thiago Ermano também comentou a perda para a sociedade:

O Padre Ticão foi luz no caminho de todo ser humano que conheceu, sendo cristão ou não. Salvou e mantém vivas muitas pessoas carentes, sem condições de acessar um médico particular. Livrou milhares de famílias da miséria e do abandono do Estado brasileiro, não só em São Paulo. Católicos, evangélicos, ubandistas, budistas, incrédulos e gente que professa o direito a vida: perdemos um líder e um guia espiritual! É preocupante, agora, imaginar o que será feito do grandioso trabalho do padre, que levou a Medicina Integrativa e a defensa pública pelo acesso de doentes à Cannabis Medicinal para dentro da igreja. Uma obra que precisa ter continuidade”

Para o reitor da Universidade de São Paulo (USP), Vahan Agopyan, “em tempos de obscurantismo e negacionismo, o desaparecimento do padre Ticão representa uma perda irreparável para todos nós”. Leia outros trechos da nota:

Foi com muito pesar que a Reitoria da USP recebeu a notícia do falecimento do padre Antonio Luiz Marchioni, conhecido como padre Ticão, neste começo de ano. Como importante liderança religiosa e dos movimentos sociais na região da zona leste, sempre lutou pelos direitos humanos, pela inclusão social e pela diminuição da desigualdade em uma das áreas mais carentes de São Paulo. Com a visão de que a educação pública de qualidade é o principal agente transformador da sociedade, o pároco foi um dos grandes mobilizadores para a implantação do campus Leste da USP que, em 2020, completou 15 anos de existência e tem a EACH, lá instalada e já consolidada, como uma das unidades mais proeminentes de nossa universidade nas áreas do ensino, da pesquisa e da extensão universitária.”

Entidades com o a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) também lamentou o falecimento do padre Ticão, ocorrido no dia 1º de janeiro:

Padre Ticão é um dos últimos remanescentes da época de dom Paulo Evaristo Arns arcebispo e,  numa luta incansável, conseguiu levar para a Zona Leste universidades, hospitais, moradias, cidadania, saúde pública acessível aos mais pobres e uma vigília permanente pelo bem das comunidades. Ele fará muita falta nesta caminhada de uma Igreja voltada para a Teologia da Libertação”, informou a nota. 

A morte de Padre Ticão teve ampla repercussão nas redes sociais, entre políticos e formadores de opinião:

Com muita tristeza e forte sentimento de pesar que transmito a toda comunidade da Paróquia de São Francisco, em Ermelino Matarazzo, pelo falecimento do Padre Ticão”, afirmou o vereador de São Paulo, Eduardo Suplicy (PT-SP).

Perda irreparável para a nossa zona leste e todos os que lutam por justiça social. Padre Ticão dedicou a vida a fazer o bem, confortar as pessoas. Organizava o povo de sua comunidade para lutar por direitos e contra as carências. Um exemplo! Fique em paz”, afirmou o deputado federal Orlando Silva (PcdoB-SP).

O Padre Júlio Lancellotti, pároco da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo, comentou a perda irreparável para o Brasil:

“A morte de padre Ticão é a perda de um modelo de Igreja, comprometida com o povo, a mudança, a transformação, com o Evangelho”

O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) era amigo de Padre Ticão e deixou uma pergunta retórica, para reflexão sobre o trabalhos realizados por ele, por décadas:

Voltemos para pergunta do início deste texto, o que vamos fazer com a partida do Padre Ticão? Arrisco uma resposta: aprendamos com ele a enfrentar a vida com magnitude, façamos como ele, caminhando com o povo para a conquista de seus direitos e continuemos, com coragem, as suas lutas!”

Assista a uma entrevista cedida pelo pároco à TV Câmara de SP, e conheça um pouco mais da visão humanista e solidária:

O canal Cannabis e Saúde informa que a Missa de Sétimo Dia, em memória do Padre Antonio Luiz Marchioni, o Padre Ticão, será celebrada no dia 07 de janeiro de 2021, uma quinta-feira, às 20h, na Paróquia São Francisco de Assis (Zona Leste de SP).

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